Muitas vezes cometemos alguns erros difíceis de enxergar e que geram problemas ao nosso artesanato. Será que você está cometendo algum deles?
Está cansada ou não está muito afim de ler? Pode deixar que eu leio para você.
Clique no play abaixo para escutar a leitura deste post:
Em algum momento você já desejou que as pessoas dessem um pouco mais de valor ao seu artesanato? Se sim, provavelmente você também já se sentiu triste em algum momento em que o seu trabalho não foi reconhecido como deveria. Afinal, artesanato é algo que exige dedicação e tempo, mas as pessoas muitas vezes não enxergam isso, não é mesmo?
No entanto, é possível que você esteja cometendo alguns erros que estão causando isso. Pois é, esta postagem é justamente para dizer que talvez a culpa disso tudo seja nossa. E a partir do momento em que deixamos de culpar os outros, nos tornamos responsáveis pelos nossos problemas e buscamos soluções para eles.
Essa falta de valorização do nosso trabalho pode afetar tanto quem vende, quanto quem faz artesanato por prazer, como passatempo ou terapia.
Como esse é um problema que afeta muitas artesãs e arteiras, eu decidi escrever sobre alguns erros que eu observo com muita frequência e que eu acredito que podem influenciar na valorização do seu trabalho.
1. Não aprimorar o seu artesanato
Acredito que em qualquer atividade que fazemos, devemos buscar sempre a excelência. Para isso, precisamos buscar novos conhecimentos o tempo todo. E esse ciclo não tem fim: buscamos o conhecimento, aprendemos, aplicamos, observamos aquilo que pode ser melhorado, buscamos conhecimento novamente, e assim sucessivamente.
O que acontece é que muitas vezes achamos que o nosso artesanato já está perfeito. Porém, na minha opinião, não podemos pensar desse modo e devemos buscar melhorar a cada dia o nosso trabalho.
E para tentar alcançar a excelência, precisamos buscar novos conhecimentos, que são importantes para:
- Aprendermos formas mais simples e eficientes de fazer uma determinada técnica;
- Aprendermos novas técnicas;
- Aprendermos a usar os materiais adequados para cada situação;
- Minimizarmos os erros e ganhar tempo;
- Aprendermos com quem pensa diferente da gente;
- Aprendermos com os erros dos outros.
Tudo isso traz melhorias ao nosso trabalho. Talvez você não note essas melhorias a curto prazo. Mas, ao ver fotos de trabalhos antigos e compará-los com os atuais, você verá o quanto melhorou. E talvez você também se lembre o quanto era difícil fazer determinada técnica e você percebe que, atualmente, a faz sem nenhuma dificuldade ou de uma forma completamente diferente.
As pessoas ao seu redor vão perceber primeiro que você
Ao adotar uma postura de melhoria contínua do seu trabalho, os seus familiares, as suas amigas e as suas clientes também vão notar que o seu artesanato ficou mais bonito. Às vezes até mais rápido que você mesma. E aos poucos você começará a se tornar referência do seu trabalho na sua cidade, depois na sua região e talvez até no Brasil inteiro.
Ao se tornar uma referência e perceberem que o seu trabalho é bom, você se sentirá mais segura. As críticas passam a não lhe incomodar tanto e talvez você até as enxergue como sugestões de melhoria. A sua autoestima aumenta e você se sente cada vez mais motivada para continuar com o artesanato. Tudo isso reverte em benefícios para a sua saúde psíquica, que por sua vez trazem benefícios ao seu corpo.
Veja como uma simples maneira de pensar e agir podem influenciar em um monte de outras coisas.
Então, você acha que o seu artesanato está perfeito? Acredito que você já saiba qual deveria ser a resposta.
2. Não se colocar no lugar das pessoas
Se você realmente faz artesanato só para você, acredito que esse erro não vai afetá-la. Porém, eu digo “realmente”, porque muitas vezes essa é uma mentira que contamos para nós mesmas. Vou explicar o porquê.
Se você for ficar com todos os artesanatos que fizer, já pensou em quantas peças você vai acumular em algum cômodo da sua casa? Se você fizer bastante artesanato, em algum momento essa atividade poderá se tornar insustentável, tanto financeiramente quanto por falta de espaço para guardá-los.
Para solucionar esse problema, qual seria a primeira alternativa das artesãs que optam por não vender os artesanatos? Presentear os amigos e familiares.
Então, se pensarmos bem, será que realmente fazemos artesanato só para nós mesmas?
Supondo que a resposta seja não, devemos tomar alguns cuidados para que as pessoas que vão receber os nossos artesanatos se sintam felizes com eles. Repare que eu nem estou falando sobre vender artesanato.
Um pouco de empatia
Seja para vender ou presentear, devemos nos colocar no lugar de quem vai comprar ou ganhar um artesanato feito por nós. Para isso, existem algumas perguntinhas que podemos fazer a nós mesmas:
- Eu usaria o meu artesanato?
- O meu artesanato traz algum benefício para mim?
- O meu artesanato é bonito ou tem alguma funcionalidade?
- Eu compraria o meu artesanato?
[adblog]Tente se questionar, mas responda com sinceridade. Essa autorreflexão serve para não cairmos na tentação de ficarmos apaixonadas pelo nosso artesanato. Isso pode acontecer sim! Temos tanto trabalho fazendo uma peça e passamos tantas horas juntas que ficamos cegas por ela. E aí, quando alguém diz que é caro ou não dá o valor que gostaríamos, dizemos que as pessoas não reconhecem o nosso trabalho e que não sabem nada de artesanato.
Mas deixa eu lhe fazer uma pergunta: você já comprou algo pelo trabalho que deu? Quando você vai à uma loja de roupas, você pergunta à vendedora qual roupa deu mais trabalho para fabricar? Você compraria e usaria uma roupa furada ou com cores que não lhe agradam só porque é artesanal? Quais critérios você utiliza para escolher os produtos que você compra?
Acho que a maioria dos nossos clientes não estão nem aí para o “trabalho que deu para fazer”. Eles querem algum benefício. Eles querem a exclusividade, o charme e a funcionalidade de um artesanato de qualidade.
Isso também se aplica quando presenteamos os amigos e familiares. Não é incomum uma artesã presenteá-los e depois nunca os vê usando o artesanato. Porque você acha que isso acontece? Provavelmente, porque não trouxe nenhum benefício para a vida dessas pessoas. E se não querem o nosso trabalho nem de graça, talvez seja o momento de repensarmos algumas coisinhas.
3. Oferecer o artesanato para a pessoa errada
Se eu lhe oferecesse uma motosserra nova pela metade do preço, você compraria? Provavelmente não, porque esse equipamento é inútil para você. Mas, se eu oferecer para alguém que trabalha com poda de árvores ou colheita de madeira, a probabilidade de alguém comprar é muito maior, porque eles usam esse equipamento diariamente. Esse exemplo serve para demonstrar que, muitas vezes, oferecemos o nosso artesanato para o público errado.
Eu mesma entendi isso na prática, mas levou um bom tempo. Entretanto, depois que eu compreendi isso, comecei a adaptar os meus trabalhos ao gosto do meu público. Afinal, artesanato é a minha profissão e eu preciso vender para sobreviver.
Sugiro que procure compreender o seu público e produza o seu artesanato baseado nele.
Para você entender melhor, eu faço parte de uma associação de artesãs e, na nossa loja, a maior parte do público costuma estar de olho nas tendências de decoração e preferem um artesanato mais minimalista, sem muitos detalhes.
4. Não divulgar bem o seu trabalho
Como ter o seu trabalho reconhecido e vender bem se a maioria das pessoas ainda nem sabem o que você faz?
Divulgar o trabalho é mostrar aquilo que a gente faz para as pessoas. E se mostramos de forma inadequada, as pessoas poderão ter uma impressão ruim do nosso artesanato. Parece óbvio isso, mas muitas vezes agimos como se não fosse.
Há diferentes formas de divulgar o nosso trabalho. Vou mostrar aquelas que eu mais uso.
Boca a boca
Não há propaganda melhor do que aquela que os outros fazem da gente. Quando você faz um artesanato que realmente atendeu as expectativas da sua cliente e trouxe benefícios para a vida dela, tenha certeza que ela vai falar de você para outras pessoas. E quando uma pessoa é indicada por uma cliente, a chance de ela procurar você para fazer algum trabalho é muito maior do que você tentar fazer isso através de outros meios. Não subestime o poder do boca a boca.
Redes sociais
A cada dia estamos mais conectadas através da internet e este é um meio de divulgação muito importante, pois é barato e através dele conseguimos encontrar o público ideal para o nosso artesanato.
Procure marcar presença nas redes sociais como o Facebook e Instagram, postando fotos do seu trabalho e do seu dia a dia como artesã. Se conseguir fazer vídeos curtos, melhor ainda.
Estar presente nas principais redes sociais irá ajudá-la a construir uma forte relação com um número pessoas muito maior do que se você não utilizasse esses canais de relacionamento.
Mas, procure postar fotos de qualidade. Para isso você não precisa de equipamentos sofisticados. Um celular e uma fonte de luz de uma janela, por exemplo, já são suficientes.
Veja a diferença das duas fotos tiradas com o mesmo smartphone.
Na fotografia B, você não consegue ter percepção das dimensões da peça, o flash deixou a peça muito clara, a cor do fundo se mistura um pouco com a cor da peça.
Na fotografia A, as chaves dão uma percepção melhor das dimensões, a peça está melhor enquadrada e o fundo contrasta com a peça.
Qual das fotos você acha que chamaria mais atenção do público?
Estabelecimento físico
Você pode ter um ateliê ou colocar os seus produtos à venda em uma loja. No entanto, esta pode ser a alternativa mais cara. Isso ocorre porque o imóvel tem um custo mensal e se você não tiver uma quantidade mínima de vendas, não conseguirá cobrir os custos.
Mas, se você optar por um estabelecimento físico, será indispensável ter pessoas entrando nele. Para isso acontecer, você muitas vezes deverá investir em divulgação em rádio, televisão ou mesmo na internet se quiser realmente vender o seu trabalho. Além disso, deverá ficar atenta a datas comemorativas para fazer promoções que atraem a atenção das clientes.
Outra alternativa é dividir os custos do imóvel com outras artesãs que fazem artesanatos diferentes dos seus. Dessa forma, a loja sempre ficará com uma grande diversidade de artesanatos e os custos não ficarão pesados para ninguém. Eu mesma uso essa alternativa aqui na minha cidade.
Conclusão
Reconhecer que estamos cometendo alguns erros é muito importante para o nosso desenvolvimento, mas é uma tarefa muito difícil. O nosso artesanato é como um filho e muitas vezes achamos que é lindo porque foi a gente que fez e somos apaixonadas por ele. Mas, somente nós não percebemos os problemas, os defeitos e os pontos a serem melhorados.
Vamos todas em busca do nosso crescimento como artesã?
Se você acha que comete algum erro diferente desses que eu citei aqui e que faz com que o seu trabalho não seja tão valorizado, escreva nos comentários. Se você também não concorda com algum desses erros que escrevi, também fique à vontade para escrever.
Este espaço é seu!
E que tal melhorar as suas fotos?
Acesse um capítulo do ebook gratuito que preparei para você, que contém dicas muito simples de fotografia que você pode usar para melhorar as fotos dos seus artesanatos.
Para acessar clique no botão abaixo.
Parabéns!
A equipe da Merapi agradece, Romildo.